No dia 5 de maio de 2009, os trabalhadores da USP ratificaram em assembléia com centenas de trabalhadores e dezenas de unidades presentes, a decisão de entrarem em greve por tempo indeterminado. No eixo da pauta de reivindicações dos trabalhadores, construída em conjunto com o Fórum das Seis, está a luta pela mais elementar e democrática liberdade de organização e expressão política e sindical nas universidades estaduais paulistas, contra a repressão e perseguição que vem sofrendo as entidades de trabalhadores e estudantes das três universidades estaduais paulistas, além de nossa pauta salarial.
Desde os tempos nebulosos da Ditadura Militar não se via na Universidade de São Paulo uma ofensiva tão grande quanto a que está sendo desferida agora pela reitoria da senhora Suely Vilela e pelo governo de José Serra. Após a greve e ocupação da reitoria em 2007, que inclusive teve um compromisso de não punição por parte da reitoria, são inúmeros os casos de perseguição a trabalhadores e, em estudantes cerca de 40 sindicâncias, processos administrativos, processos-crime, multa ao Sintusp e ao DCE e, como maior expressão, a demissão sob alegação de “justa causa” do diretor do sindicato e representante dos funcionários junto ao Conselho Universitário (CO), Claudionor Brandão.
Qualquer semelhança não é mera coincidência com os idos anos de 1969 quando, apoiados na “legalidade” do AI-5, o presidente da república utilizou-se de cassações e demissões, e aposentou 42 pessoas que ocupavam cargos na universidade. Hoje, a reitoria passa por cima da própria legalidade da Constituição de 1988, além de ignorar resoluções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), demitindo um dirigente sindical democraticamente eleito pelos trabalhadores no exercício de suas funções. Como se não bastasse, persegue estudantes e funcionários da universidade com processos administrativos e criminais.
No momento em que a crise econômica mundial se faz presente entre os trabalhadores e mais de dois milhões de empregos somente no Brasil já foram sacrificados, governos, patrões e reitorias querem a todo custo descarregar o ônus dessa crise nas costas dos trabalhadores e da juventude. Já foi anunciada pelo governo estadual a redução de 20% da arrecadação do ICMS para a educação pública no orçamento de 2010. O governo e a reitoria lembram-se da greve de 2005 por mais verbas a educação que gerou inúmeros conflitos na Assembléia Legislativa quando o então governador Geraldo Alckmin vetou de forma intransigente o repasse de verbas e, mais ainda, da greve e ocupação de 2007 que, unificados aos estudantes conseguimos derrotar os decretos de Serra que queria retirar a autonomia das universidades. Sabem que o Sintusp está na linha de frente pela defesa da universidade pública lutando contra a terceirização e precarização dos postos de trabalho que hoje afeta mais de três mil trabalhadores que ganham um salário mínimo, trabalham em péssimas condições e, em muitas vezes não possuem sequer um refeitório para fazerem suas refeições, tendo que se utilizar das áreas externas dos prédios e até mesmo dos banheiros para poderem comer!
Por isso, esses ataques têm por finalidade calar a voz de ativistas do sindicato e das entidades estudantis para poder aplicar mais facilmente os planos de educação cada vez mais atrelados aos lucros das grandes empresas e dos interesses dos governos, e servir como um “balão de ensaio” para o que Serra pretende fazer como candidato à presidência em 2010, e seguir aplicando os planos educacionais de Lula a mando do Banco Mundial. A Lei de Inovação tecnológica, universidade virtual (Univesp) que precariza o ensino, avanço sem precedentes na terceirização e precarização dos postos de trabalho e um plano de carreira que prevê diretamente a extinção dos cargos de nível básico, são partes do projeto que a reitoria e o governo querem nos impor, utilizando-se de uma estrutura extremamente antidemocrática de poder onde aqueles que trabalham e estudam na universidade não podem decidir quase nada.
Todas as conquistas democráticas que hoje lutamos para manter e ampliar, como o percentual do ICMS para a educação, contratação de professores e funcionários, moradia estudantil, transporte e alimentação, só puderam se concretizar por via das lutas unificadas travadas por estudantes, funcionários e professores ao longo dos últimos anos.
Nesse sentido, pedimos o apoio dos estudantes da USP à nossa greve, e os chamamos para que construam conosco uma forte mobilização em defesa da universidade pública, gratuita, e de qualidade nos colocamos incondicionalmente ao lado das demandas estudantis, pelo fim da repressão e perseguição, contra a UNIVESP que institucionaliza o ensino à distância nas estaduais paulistas e por mais vagas presenciais, por mais verbas para a educação pública, pela autonomia política e financeira dos espaços estudantis e em defesa da retomada do espaço do DCE, que se fez LIVRE na luta contra a Ditadura Militar, cuja liberdade hoje a reitoria quer retirar. Todo Apoio à luta dos estudantes! Construamos uma mobilização conjunta de estudantes e funcionários por uma pauta unificada!
COMANDO DE GREVE DOS TRABALHADORES DA USP
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